O dia 8 de Março é um dos marcos internacionais da luta pela igualdade entre homens e mulheres. Ao contrário do que muita gente pensa, não se trata de uma data para enaltecer as qualidades femininas e simplesmente lembrar como as mulheres são especiais nas nossas vidas.
Essa data simboliza a luta internacional das mulheres por uma realidade mais justa e igualitária para todas e todos, e pela garantia de direitos. É por isso que normalmente há uma série de passeatas, atos e reivindicações pela ampliação dos direitos das mulheres, bem como pela luta contra retrocessos nos direitos existentes
Mas qual o papel das organizações e empresas nesse sentido? O que as instituições podem fazer para serem aliadas e advogarem em prol da igualdade de gênero?
É muito comum que os setores de Recursos Humanos pensem na lógica das lembrancinhas: os chocolates, flores, vale-manicures, costumam ser os principais presentes para as funcionárias, junto com um cartão de felicitações de parabéns. Nada mais desacertado.
Organizações são espaços absolutamente necessários para a construção de uma realidade mais justa, a começar pelo próprio ambiente laboral. É importante que essa data seja uma oportunidade para que esse tipo de discussão seja aprofundada, e que medidas mais colaborativas sejam adotadas para garantir que a realidade das mulheres que ocupam aquele espaço se torne mais segura e que potencialize seus direitos.
Alguns exemplos de boas práticas envolvem:
1. A capacitação dos funcionários e funcionárias para o tema da igualdade de gênero, através de palestras ou treinamentos. Como mencionado, esse é um assunto que deve ser de interesse corporativo também. As empresas possuem responsabilidade social pela promoção de espaços mais justos e igualitários, e livre de violências. Além disso, diversos estudos apontam que a produtividade e lucratividade das empresas aumenta quando há práticas de respeito e equidade.
É importante também que a empresa se planeje e dedique parte do seu orçamento a pagar de maneira justa esses serviços, visto que muitas profissionais mulheres são chamadas a fazerem esse tipo de apresentação para empresas a título gratuito, o que é claramente uma forma de exploração do trabalho feminino. Isso quando não determinam que seja uma funcionária a assumir esse papel, fazendo com que ela assuma uma carga de trabalho normalmente incompatível com as suas funções. Precisamos valorizar o trabalho das mulheres.
2. Treinamento de lideranças femininas, a fim de garantir que elas possam ter mais acesso a promoções e a desenvolverem as suas habilidades. As mulheres enfrentam maiores barreiras para a progressão de carreira do que os homens e ainda ganham menores salários. Investir nas suas funcionárias para que tenham condições de competir de maneira justa com seus pares é uma das obrigações da organização, que deve participar ativamente para reduzir o gap de gênero entre seus quadros. Esse treinamento pode ser interno, através de programas de mentoria, ou pode ser feito a partir de subsídio em instituições externas.
3. Criação de grupos de discussão mediados, em que as funcionárias possam socializar suas próprias percepções e chegar a reivindicações conjuntas sobre o que pode ser melhorado dentro da organização. Abrir o espaço de diálogo, garantir que as mulheres sintam que suas vozes são ouvidas, é criar espaços seguros para todas e todos.
4. Presenteie as mulheres com algo valioso. Não é que as mulheres não gostem de ganhar flores ou bombons. Mas se limitar a esse tipo de presente é ignorar a importância e simbolismo que a data tem na luta por direitos das mulheres. Se sua empresa acha importante presentear as funcionárias nessa data, pense em itens que possam agregar na vida e carreira das mulheres da empresa, como por exemplo, um curso, uma mentoria ou livros que a ajudem a se desenvolver profissionalmente.
Por fim, é importante que essas iniciativas sejam continuadas ao longo de todo o ano. Não faz o menor sentido realizar uma atividade isolada e nunca mais voltar no assunto, ou pior: manter uma postura organizacional contrária aos preceitos de equidade e respeito. Se a intenção da sua empresa é trabalhar a equidade de gênero, esse precisa ser um tema recorrente e coerente com as posturas da organização.
Aproveitar essa data como um marco possível para engajar e mudar a realidade, contribuindo para o crescimento individual e coletivo das mulheres que constroem as organizações exige comprometimento. Preocupar-se com a igualdade entre os gêneros nas empresas vai muito além do que é politicamente correto. O compromisso com os direitos humanos e direitos das mulheres, além de causar impactos positivos na sociedade, traz também inúmeros benefícios para as empresas, que se tornam mais lucrativas, competitivas, inovadoras e juridicamente seguras.
Posts Relacionados
- Paternidade ativa: o que as empresas têm a ver com isso?
Com a aproximação do dia dos pais, é comum que empresas se preocupem em realizar…
- Discriminação das mulheres no trabalho
Este texto busca analisar qual a situação da mulher no mercado de trabalho atualmente. A…
- Por que as empresas devem se preocupar com diversidade e igualdade de gênero?
A pauta da igualdade de gênero e da diversidade está em alta, e esse é…